sábado, 30 de setembro de 2017

A VOLTA DA GATINHA SELVAGEM


CAPÍTULO 1 – A TOCA DA BICHANA

                Escuridão. Naquela trilha de chão batido não havia um único ponto de luz. Também não havia ninguém. A única companhia para o solitário jornalista investigativo (amador) eram os ratos e gatos selvagens que espreitavam sorrateiramente ao seu redor. Um vulto passando por entre as árvores pareceu tomar a forma de um macaco, mas sumiu tão de repente quanto apareceu.
                Rodrigo V.i.P. apertou o passo. O vento roçando em suas pernas lhe causava arrepios. “Devia ter colocado uma calça ao invés da bermuda”, pensou. O relinchar distante de um jumento ecoou pela copa das árvores e provocou em Rodrigo um calafrio. Uma risada semelhante a um “Ho-Ho-Ho” o fez tremer os joelhos. Mas nada seria capaz de o fazer parar. Estava determinado a descobrir a verdade. A seguir em frente. Em nome de seus amigos, em nome de tudo o que representam. Em nome do amor que nutrem um pelo outro, e em nome de um símbolo... O MTURN.
                Dobrando a esquina, boladona, estava uma gata, sentada, esperando Rodrigo V.i.P. passar. Quando o olhar do jornalista cruzou com o da gata, o brilho verde dos olhos da bichana arrepiou Rodrigo até a alma. “Não adianta se esquivar”, pensou Rodrigo. A fera estava solta, e o bicho pronto para pegar. Ou pelo menos é o que a música dizia. A gata, então, disse:
                - MINHEEEEEEU!
                E, com um salto, se adentrou pelo capim alto de uma clareira. Rodrigo V.i.P. sabia o que devia fazer. Rapidamente sacou sua câmera e ligou o flash. Pisando com cuidado entre a vegetação do terreno, Rodrigo V.i.P. calculava cada passo. A uma distância de cinco metros à sua frente, o matagal ultrapassava a altura do próprio jovem rapaz. A fedentina de xixi de gato ficava mais insuportável a cada passo. “Espero não pegar esporotricose ou toxoplasmose”, pensou.
                Foi quando ela reapareceu. O brilho verde do olhar, a pelagem pintada como a de um guepardo. Era ela, a mesma gata. Um flash e uma foto, e Rodrigo pôde ver na câmera suas cores: amarelo acinzentado e um padrão característico de pintas negras. “Leopardus tigrinus”, pensou Rodrigo, “um gato-do-mato”. Uma cicatriz cortava o rosto do felino entre os dois olhos. A gata se embrenhou no mato e Rodrigo a seguiu, rapidamente chegando à entrada de uma caverna. Um coelhinho de pelúcia jazia aos pés da entrada, todo rasgado e arranhando. Fotos, fotos e mais fotos. Antes que Rodrigo pudesse verificar as fotos na câmera, sentiu um baque na nuca. Desmaiou, caindo sobre uma poça de xixi de gato.





CAPÍTULO 2 - JARDIM DA MANSÃO DE MC R (24 HORAS ANTES)

                Mc R: - EU BEIJEI UM PUDIM E GOSTEI DISSO! O GOSTO DE SEU BRILHO DE LEITE CONDENSAADO!
                Mc-errets: - AAAAA-ADO!
                Mc R: - EU BEIJEI UM PUDIM, APENAS PARA EXPERIMENTAR! ESPERO QUE MEU NAMORADO NÃO SE IMPORTE!
                Mc-errets: AAAA-AH!

                Da borda da piscina, Rodrigo Meester gritou:
                - Aquele babaca do Phency Little!
                Ao que Valériia retrucou:
                - Bota “little” nisso...
                - Para, gente! – disse Rodrigo V.i.P., com a boca cheia após morder um pedaço de um canapé não identificado com gosto de tomate e manjericão – Quero prestar atenção nesse show! UHUUUUL!!!! GOSTOSAAAAAA!!!!!!! LINDAAAAAAAAA!!!
                - E agora, meus amigos, – disse a funkeira de sucesso internacional Mc R, de cima do placo do jardim de sua mansão – gostaria de convidar aqui no palco a verdadeira estrela dessa noite. O homenageado do dia. O homem, e que homem! O homem que merece os seus aplausos hoje! O FUNDADOR DO MEU BLOG FAVORITO! O BLOG MAIS LINDO, DIVO, SEXY, GATENHO, FASHION E ATUALIZADO DA INTERNET! O mais novo administrador desse país!!! O lindo, gostoso, maravilhoso, Roooodrigooooo Meesteeeeeeeer!!!!!!
                O coração de Rodrigo Meester se encheu de alegria. Todas as sensações de medo, incerteza e insegurança sumiram. Ele estava feliz e confiante. O amor emanava de cada um de seus amigos ali reunidos e tocava profundamente o seu coração. Era daquilo mesmo que precisava.
                - Oi, hahahaha – Rodrigo riu de nervoso – Boa noite a todos!!! Muuuuito obrigado por terem vindo aqui hoje prestigiar esse momento! Estou muito feliz com a presença de cada um de vocês! Quero agradecer à minha família por todo o apoio durante toda minha vida! Amo vocês! Quero agradecer a todos meus amigos pela companhia, em especial meus colegas ex-jornalistas do Mturn e nossas fiéis ex-leitoras!!! Gostaria também de...
                BUM! O barulho grave de uma explosão cortou o discurso de Rodrigo, e todas as luzes do jardim da mansão de Mc R se apagaram. O breu cegou os olhos de todos os presentes.
- AI MEU DEUS DO CÉU O QUE QUE TÁ ACONTECENO AQUI?? – berrou Mc R com toda a força de seus pulmões.
- SOCORROOOOO!!!! – ouviu-se a voz de Rodrigo Meesteer gritando, embora nada pudesse ser visto naquele breu.
Rodrigo V.i.P. apertou os braços de Valériia, com medo e assustado. Então, de repente, uma música começou a tocar, abafando o som de um helicóptero. A música era horrível, e a dicção da cantora era tão ruim que as palavras eram irreconhecíveis para a maioria... Mas não para Mc R. Uma luz cor de rosa irradiava do helicóptero à medida que ele descia em direção ao palco do jardim da mansão de Mc R. Quando o helicóptero chegou perto do nível da água, uma porta se abriu e todos puderam ver uma mulher fantasiada de gato com um megafone na mão. Ela parecia usar um collant de oncinha, orelhinhas na cabeça, garras postiças e um rabinho. A “gatinha” levou o megafone à boca e disse:
- VOCÊS ACHARAM MESMO QUE EU NÃO IA REBOLAR A MINHA BUNDA HOJE?
- É a Anitta???? – perguntou Rodrigo V.i.P. a Valéria.
                - MC B! MINHA TERRÍVEL RIVAL! SUA INVEJOSA, QUEM TE CHAMOU AQUI? – berrou a funkeira de renome intenacional e multimilionária Mc R.
- VOCÊS ACHARAM MESMO QUE EU NÃO IA VOLTAR?? SOU EU, A GATINHA SELVAGEM! A VINGANÇA É UM PRATO QUE SE COME FRIO, E CREIO QUE JÁ TENHA ESFRIADO O SUFICIENTE PARA MIM!
- A GATINHA SELVAGEM!!!!! – Rodrigo V.i.P. perdeu as estribeiras – AI EU NÃO ACREDITOOOOO!!! ME SEGURA, VALÉRIA, QUE EU VOU PEGAR ESSA GAROTA!
- VOCÊ TÁ BRINCANDO??? – respondeu Valériia – ME SEGURA VOCÊ, QUE EU QUE VOU PEGAR ESSA MISERÁVEL DA MC B!!!!!
- NÃO É A MC B! – disse Rodrigo V.i.P. – É A GATINHA SELVAGEM!!
- A MC B É A GATINHA SELVAGEM????? – disse Valériia – AGORA TUDO FAZ SENTIDO!
- NINGUÉM IRÁ ME PEGAR HOJE! – berrou Gatinha Selvagem, pelo megafone – DIGAM ADEUS AO SEU AMIGO RODRIGO MEESTER!!!! HAHAHAHAHAHAHA! (risada maligna)
- Como assim??? Cadê o Rodrigo??? – perguntou Rodrigo a Valéria.
- O RODRIGO MEESTER SUMIU!!!! – gritou Mc R, do palco do jardim de sua mansão.
- ADEUS, OTÁRIOS!!!! – disse Gatinha Selvagem, enquanto seu helicóptero ganhava altitude, subindo como se fosse em direção à imensa lua cheia que iluminava o céu – MIAU!
- NÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃO!!!!!! – gritou Rodrigo V.i.P. – Ela está sequestrando o Rodrigo!!!




CAPÍTULO 3 – A MANSÃO DE MC R (NA MANHÃ SEGUINTE)

                Sete horas da manhã. Nada para fazer. Rodrigo V.i.P., Valériia e Mc R haviam passado a noite em claro. Após voltarem da delegacia, passaram a noite ao lado do telefone esperando uma ligação da Gatinha Selvagem. Mas o telefone não tocou. O mordomo de Mc R chegou na sala de estar para avisar aos hóspedes que o café da manhã estava servido.
                - Não tenho fome – respondeu Rodrigo V.i.P.
                - O caso é sério! – respondeu Mc R.
                - Vamos ligar o noticiário... – disse Valériia, indo em direção à televisão de 80 polegadas da sala de estar da mansão de Mc R.
                - SUPERMARKET É, Ó: PREÇO!!!! – a televisão começou então a emitir a vinheta do noticiário após a propaganda.
                - Urgente: calamidade no Rio de Janeiro! Um helicóptero sobrevoou o Centro Penitenciário de Vilões Fracassados: Porque o Crime não Compensa! durante esta madrugada e libertou meia dúzia de presos! Mais informações a seguir, no Good Morning Hell de Janeiro! E mais, verifique a cobertura da chegada do jovem Wonphrey na cidade para a abertura de seu novo hotel em Copacabana! Em seguida, astrônomos comentam o fenômeno raro da noite de ontem: a lua azul!
                - FOI ELA!!! – gritou Rodrigo V.i.P. – Só pode ter sido ela! Gatinha Selvagem resgatando seus comparsas, com certeza!
                - Mas quem???? Que tipo de vilão estava preso naquele lugar??? – indagou Mc R, confusa.
                - Os piores tipos... – respondeu Valériia, em tom preocupado.
                De repente, o celular de Mc R começou a tocar.
QUANTO É TRÊS AO QUADRADO? A-ADO?
- Ai meu Deus, cadê meu celular??? – disse Mc R, aflita.
ESTAVA ERRADO! A-ADO!
- Aqui!!!!!! – respondeu Rodrigo V.i.P., entregando o celular a Mc R.
BUUUUURRA!
- ALÔ??????????????? – disse Mc R, atendendo o telefonema.
- Preste muita atenção – disse uma voz digitalmente alterada, grave e semelhante à de Darth Vader – Não irei repetir duas vezes. Não chame a polícia. Se entrar em contato com a polícia, o Meester morre. Ligo aqui diretamente do covil de Gatinha Selvagem. Valériia e Rodrigo V.i.P. devem trazer para mim algo de muito precioso se quiserem seu amiguinho de volta.
- NÃO ENTENDI, TEM QUE TRAZER O QUE???? – disse Mc R, nervosa, tremendo.
                - COLOCA NO VIVA-VOZ!!!! – gritou Rodrigo V.i.P., afobado.
- PERAÍ QUE EU VOU COLOCAR NO VIVA-VOZ!!!!!! – disse Mc R à voz estranha no celular.
- Para chegarem ao sul, devem ir ao norte. Para chegarem a leste, devem ir a oeste. Para encontrarem a felicidade, devem ir até a tristeza. Para chegarem ao calor, devem passar pelo frio.
- O QUE ESTÁ ACONTECENDO AQUI???? – disse Valériia, sem entender o telefonema.
- Para chegarem ao seu amigo... Devem ir até seus INIMIGOS!
TU TU TU TU TU TU... A ligação foi encerrada. Rodrigo V.i.P., Valériia e Mc R olharam uns aos outros, atônitos, sem saberem o que fazer.
- O que ela disse antes de você colocar no viva-voz, Mc R???? – perguntou Rodrigo V.i.P.
- Que vocês devem ir até o covil da Gatinha Selvagem entregar algo de preciso a ela como resgate!!!!
- Mas ela não disse o que ela quer??? – retrucou Rodrigo V.i.P.
- Se ela não quis dizer, devemos achá-la e lidar diretamente com ela! – disse Valériia – A “charada” é muito simples! A Gatinha Selvagem obviamente libertou todos nossos inimigos da penitenciária com seu helicóptero. Devemos encontrá-los para encontrar o Rodrigo Meester! E, imagino, encontrá-la também.
- Mas como vamos encontrar os vilões que ela libertou??? ELA NÃO DEU NENHUMA PISTA!!!!! – se desesperou Rodrigo V.i.P.
- Então só há uma coisa a fazer – disse Mc R – Devemos encontrar as pistas por nós mesmos. Mas primeiro, vamos comer.


  


CAPÍTULO 4 – O CENTRO PENITENCIÁRIO DE VILÕES FRACASSADOS: PORQUE O CRIME NÃO COMPENSA!

                CPVFPCNC. Mais conhecido como Centro Penitenciário de Vilões Fracassados: Porque o Crime não Compensa! Rodrigo V.i.P., Valériia e Mc R saltaram da limusine de Mc R em frente à entrada do CPVFPCNC, localizado numa região reclusa da Barra da Tijuca. A luz fraca das nove da manhã esquentava delicadamente o rosto dos nossos destemidos heróis. À frente da entrada do CPVFPCNC, uma policial controlava a multidão de repórteres que se debruçavam sobre uma cerca de contenção. A entrada estava interditada pela polícia.
                - Como vamos entrar lá???? – perguntou Rodrigo V.i.P.
                - Eu sei exatamente como – respondeu Mc R – Prestem atenção! Assim que eu der o sinal, vocês correm e entram! Ok?
                - OK! – responderam Rodrigo e Valériia, em uníssono.
                - EEEEI! – começou a berrar Mc R para a multidão de repórteres.
                - Mc R???? – gritou de volta um dos repórteres. Todos imediatamente se viraram em direção à filantropa e funkeira carioca internacionalmente reconhecida.
                - EU ESTOU GRÁVIDA!!! – Mc R gritou de volta.
                - O QUE??? – um repórter respondeu.
                - DE UM PUDIM! – anunciou Mc R.
                - AAAAAAAAAAAAAAAH! – gritaram os repórteres, em uníssono.
                Todos os repórteres saíram de perto da policial que vigiava a entrada do CPVFPCNC e correram em direção a Mc R, em frente à sua limusine.
                - Preparem-se e vão!!! – disse Mc R a Rodrigo V.i.P. e Valériia.
                - Mas a policial continua lá!!!! – disse Rodrigo V.i.P.
                - Deixa comigo! – respondeu Mc R – VEJAM SÓ MINHA BARRIGA CRESCENDO!!!!!!
                Mc R levantou a blusa e em seguida a retirou. Seu corpo desnudo banhado pelos raios de sol amarelados ofereceu um verdadeiro espetáculo aos olhos dos ali presentes... Inclusive aos da policial. Hipnotizada pela formosura monumental de Mc R, deixou seu queixo cair. Desorientada, não percebeu enquanto Rodrigo V.i.P. e Valériia pularam a cerca de contenção e entraram no CPVFPCNC.
                - Não acredito que deu certo – disse Rodrigo V.i.P. – Hahahaha!
                - Shiiii! – disse Valériia, cochichando – Tem um policial aqui!
                A entrada da penitenciária era um pequeno salão, com duas fileiras de cadeiras, um balcão e uma porta fechada. Detrás do balcão, um policial sentado numa cadeira roncava, com os pés sobre o balcão.
                - Ai meu Deus – Rodrigo V.i.P. – Não pensamos no que fazer depois de entrar...
                - Shiiii! – disse Valériia, irritada – Olhe em volta e pensa comigo!
                Ao seu redor, Rodrigo V.i.P. e Valériia não viam muita coisa. Um bebedouro, uma televisão desligada... Um mural em uma das paredes exibia algumas informações sobre visitas a presidiários. Sobre o balcão, havia uma pasta debaixo dos pés cruzados do policial que dormia. Lia-se “TIGAÇÃO” na etiqueta que havia sobre a pasta.
                - Me espere aqui! – disse Valériia – Não se mexa!!!
                Valériia, sorrateiramente, dirigiu-se até o balcão. Analisou o policial, seus pés, o balcão, a pasta... Seus olhos percorreram o cenário e sua mente percorreu todas as possibilidades de ação disponíveis. Que somaram um total de zero possibilidades. Borboletas remexeram-se em sua barriga e um sentimento de angústia e dúvida lhe provocou uma ânsia. Seu cérebro começou a fritar enquanto ela se esforçava para resolver a situação... Precisava roubar a pasta... Precisava agir... Mas não sabia como...
                Absorta em seus pensamentos, Valériia não percebeu o golpe chegando. Quando deu por si, Rodrigo V.i.P. já estava esticando seus braços em direção aos pés do policial. Agarrou-os com muita força e os levantou para cima, desequilibrando a cadeira do policial e fazendo com que caísse para trás!
                - AAAAAAAAH! – gritou o policial, enquanto sua cadeira caía.
                TUM, fez sua cabeça batendo no chão. Uma mancha de sangue começou a crescer sobre o chão.
                - AAAAAAAAH RODRIGOOOOO VOCÊ MATOU ELEEEEEE – disse Valériia.
                - AI MEU DEUS VÊ SE ELE TÁ COM PULSO!!!!!!!!!!!!!! – respondeu Rodrigo, pulando por cima do balcão, desajeitado, e tropeçando por cima do corpo do policial.
                Alcançando seu braço, Rodrigo V.i.P. conseguiu sentir um pulso.
                - Mas o que é isso... – Rodrigo disse, levando sua mão até a poça de sangue.
                - AI RODRIGO O QUE HOUVE??? – perguntou Valériia, aflita. Seu coração pulsava a mil.
                - É ketchup! A cabeça caiu em cima de uma garrafa de ketchup!!! – respondeu Rodrigo, aliviado.
                - ENTÃO VAMOS EMBORA!!! – disse Valériia, pegando a pasta e correndo em direção à porta por onde entraram.
                Rodrigo V.i.P. pulou por sobre o balcão e correu atrás de Valériia. Do lado de fora, Mc R estava autografando o sutiã da policial que estava de vigia.
                Os olhos de Valériia cruzaram com os de Mc R, e então Valériia mexeu seus lábios como se dizendo “Corre!”. A funkeira e os dois amigos correram em direção à limusine, enquanto a policial admirava seu sutiã autografado e os repórteres começaram a correr atrás de nossos heróis.
                - EU TAMBÉM SOU TRISSEXUAL!!! – ouviu-se a policial berrando ao longe, enquanto os três heróis entravam na limunsine.
                - PÉ NA TÁBUA, JERRY! – gritou Mc R ao seu motorista.
                - Para onde, chefinha? – ele perguntou.
                - Dê a volta! Para os fundos da penitenciária! – respondeu Valériia, cortando Mc R.

Uma hora depois...

                A limusine estava estacionada ao lado do muro dos fundos da penitenciária. Rodrigo V.i.P., Valériia e Mc R estavam lendo e relendo os arquivos dentro da pasta de investigação há uma hora.
                - OK, então o que sabemos até agora? – disse Rodrigo V.i.P. – Vou anotar num caderninho para ficar mais fácil.
                - Escaparam nesta madrugada da CPVFPCNC os seguintes delinquentes: - disse Valériia – Macaco Infrator, Jeguento Jumento, Vermelhão Malvadão, Pinguim Voador Imperador, Cremilda e Riurie. E o que todos têm em comum...
                - São nomes horrorosos – completou Mc R.
                - São todos inimigos mortais que nós expomos e combatemos durante a atividade do Mturn – corrigiu Rodrigo V.i.P. – Estavam presos graças a nós, ex-jornalistas do Mturn...
                - Entendi! – disse Mc R – A Gatinha Selvagem deve ser cúmplice deles. Mas o que será que essa recalcada desqualificada quer???
                - Não sei, – disse Valériia – mas aqui diz que o helicóptero seguiu na direção nordeste, às 04 da manhã, em direção ao Alto da Boa Vista.
                - Já sei!!! – disse Rodrigo V.i.P. – Vamos abrir o Google Maps e procurar o heliporto mais próximo da região do Alto!
                - Pode ser... – respondeu Valériia, enquanto Mc R já abria o Google Maps – Mas é possível que o covil da Gatinha Selvagem não tenha um heliporto, justamente para não chamar a atenção.
                - Se acalmem, meus nenéns – disse Mc R – Como sempre, eu estou aqui para resolver seus problemas.
                Mc R abriu o Google Maps e o script de um programa chamado “ALL SAT”. Após digitar uma série de comandos, pesquisou por “Alto da Boa Vista” no horário de  04 da manhã daquele dia. Rapidamente um vídeo abriu. Mc R acelerou o vídeo e, por volta de 04:23, um helicóptero surgiu na tela.
                - NÃO ACREDITO – disse Rodrigo V.i.P. – ME ENSINA!
                - Não posso, neném – respondeu Mc R – Esse programa acessa as filmagens dos satélites da Google. Tenho acesso a esses dados apenas porque possuo 1% da companhia.
                - VOCÊ TEM 1% DA GOOGLE E NUNCA DISSE PRA GENTE? – protestou Valériia.
                - Vejam! O helicóptero está pousando aqui! – exclamou Rodrigo V.i.P., apontando para o ponto na tela do computador onde o helicóptero pousou – Já sabemos onde ir agora!!!!!





CAPÍTULO CINCO – O ALTO DA BOA VISTA

                Valériia, Rodrigo V.i.P., Mc R e Jerry atravessavam a Floresta da Tijuca já havia quase quatro horas. Eram três horas da tarde. Não havia como chegar ao ponto de pouso do helicóptero de carro – eles tinham que atravessar a mata. Exaustos e mortos de fome, os quatro heróis decidiram parar para descansar.
                - Rodrigo – disse Mc R enquanto sentava-se no chão, recostando no tronco de uma árvore – Você que é biólogo, arranja umas frutas comestíveis pra gente aqui na floresta...
                - Mc R – respondeu Valériia, rindo – Olha pra cima, hahahaha.
                Ao olhar para cima, Mc R percebeu que a árvore sobre a qual se recostava se tratava de uma jaqueira. Nossos heróis estavam salvos.
                Após de banquetearem com as jacas, Mc R sentiu uma vibração estranha no ar. O vulto de um macaco começou a se mover por entre os galhos... Foi quando Valériia reconheceu o que seus olhos viam...
                - MACACO INFRATOR!!!! – ela exclamou, assustada – O TERROR DA MACACOLÂNDIA!
                - HAHAHAHAHAHA! – riu Macaco Infrator – Corram por suas vidas!
                O Macaco desceu da jaqueira e os quatro heróis levantaram-se correndo. Afobados, escorregaram e deslizaram ribanceira abaixo...
                - DE ONDE SAIU ESSA RIBANCEIRA? – gritou Mc R.
                Após três minutos rolando sobre pedras e galhos cheios de espinhos, os heróis caíram na cachoeira de um rio. TCHIBUM!
                - Ai meu Deus!!!! – gritou Rodrigo V.i.P. – Onde será que estamos??? Não podemos nos perder!
                - Acalmem-se! – disse Mc R – Podemos acessar o Google Maps pelo meu tablet e...
                Mc R abriu a bolsa para pegar seu tablet, mas estava tudo arruinado... A água da cachoeira havia molhado tudo.
                - Vamos ter que subir e relembrar a rota que traçamos – disse Rodrigo V.i.P.
                - Mas iremos diretamente para a direção do Macaco Infrator!!!! – ponderou Jerry.
                - Não faz diferença!!!! – disse uma voz grave por trás de algumas rochas.
                - Eu conheço essa voz... – disse Valériia.
                - MUAHUAHOHOHOHO!!!
                - E eu conheço essa risada... – disse Rodrigo V.i.P.
                - Vermelhão Malvadão!!!!!!! – gritaram Rodrigo e Valériia em uníssono.
                - Eu mesmo!!!!! – gritou o mau-velhinho, pulando detrás das rochas e caindo em cima de Mc R e Jerry. Logo seus elfos lacaios apareceram, saindo de por trás de arbustos, e capturaram Mc R e Jerry. Rodrigo V.i.P. e Valériia tentaram libertá-los, mas outros elfos os empurraram para o meio do rio. A correnteza os levou... Perderam o Vermelhão Malvadão, os elfos, Mc R e Jerry de vista.
                 A correnteza os levou para outra cachoeira...
                - VAMOS MORRER! – disse Rodrigo V.i.P.
                - SEGURE NAQUELE GALHO!!! – disse Valériia, apontando para um galho que se retorcia sobre o rio, mais à frente de Rodrigo.
                Rodrigo V.i.P. conseguiu segurar o galho com uma mão e Valériia com a outra. Fazendo muita força, Rodrigo conseguiu arrastar-se até a margem ao longo do galho, puxando Valériia consigo.
                Os dois amigos jogaram-se sobre o chão, ofegantes. Não sabiam o que fazer. Rodrigo V.i.P. fechou os olhos por um segundo... Quando abriu, Valériia havia sumido.

  


CAPÍTULO 6 – O COVIL DA GATINHA SELVAGEM

                Rodrigo V.i.P. havia conseguido chegar até o covil de Gatinha Selvagem, após horas e horas de caminhada pela floresta. Após horas e horas de angústia, de dúvida. Após horas se perguntando sobre o paradeiro de seus amigos. Apesar do medo, da solidão, da incerteza, do frio e de uma unha encravada, Rodrigo V.i.P. chegou em seu destino. Assim como uma pancada chegou até a sua cabeça. Rodrigo apagou e não sabia o que havia acontecido com ele em seguida... Até que...
                - AAAAAAH! – Rodrigo V.i.P. gritou de dor. Um choque percorreu seu corpo e o tirou do seu estado desacordado.
                Ao abrir os olhos, Rodrigo V.i.P. percebeu que estava amarrado em uma cadeira elétrica. Estava numa sala trancada, com apenas uma janela e com pouca iluminação. À sua frente havia uma jaula com três pessoas dentro...
                - VALÉRIIA! MC R! JERRY! – ele gritou.
                - Rodrigo!!!! – respondeu Mc R – Você acordou!!!!
                - Graças a Deus encontrei vocês!!! – ele respondeu – Onde está o Rodrigo Meester?
                - Ele estava aqui de tarde quando fomos trazidas pelo Vermelhão Malvadão... – disse Valériia – Mas de noite ele começou a gritar de dor e foi levado embora pelo Macaco Infrator.
                - E a Gatinha Selvagem? – perguntou Rodrigo V.i.P. – Vocês a viram??
                - Ainda não!! – respondeu Valériia – EnNão sabemos para aonde o Meester levado!
                - E NUNCA SABERÃO! – respondeu uma voz vinda de trás de uma porta. Quando a porta se abriu, Gatinha Selvagem se revelou – A menos que me entreguem o que eu desejo...
                O que Rodrigo V.i.P., Valériia e Mc R viram os deixou pasmos. Chocados. Beges. Espantados. Surpreendidos. O que parecia ser uma fantasia, na verdade, era o verdadeiro corpo de Gatinha Selvagem... Uma verdadeira mulher-gato-selvagem... O que parecia ser um collant era na verdade sua pele, coberta por uma pelagem de gato. Suas orelhinhas de gato, suas garras, e até... seu rabo, eram todos verdadeiros.
                - Diga logo o que você quer!!!! – disse Rodrigo V.i.P.
                - Ora, ora, ora... Se não é Rodrigo V.i.P., o ex-jornalista esquentadinho... Ofendidinho... Incapaz de aceitar críticas de uma mera leitora... – disse Gatinha Selvagem.
                - Eu mantenho o que eu disse na época!!! – ele respondeu – Você é uma idiota invejosa, e jamais será tão boa quanto nós!!! Porque essa é a atitude de um perdedor: sequestrar os inimigos ao invés de buscar uma jornada de melhoria pessoal e atingir níveis maiores de qualidade!!!
                - EU NÃO QUERO ISSO!!! – respondeu a vilã – Eu apenas quero ver vocês SOFREREM!!!
                - Acabe logo com isso então!!!! – gritou Mc R – O que você vai fazer?? Hein??? Qual seu plano, sua recalcada???
                Gatinha Selvagem caminhou lentamente até uma mesa ao lado da cadeira elétrica. Um laptop estava sobre a mesa. Gatinha Selvagem abriu o laptop e abriu um blog... O Mturn.
                - O que eu quero – ela disse, pausadamente – é o fim desse blog maldito. Me deem o login e a senha desta joça. Depois que eu deletá-lo, vocês poderão enfim obter sua liberdade e rever seu amiguinho Rodrigo Meester.
                Um turbilhão de emoções tomou conta do coração de Rodrigo V.i.P. Mil memórias vieram à tona... O primeiro artigo que ele escreveu para o Mturn... O primeiro artigo que escreveu em conjunto com Rodrigo Meester... As séries que criaram e que nunca tiveram um fim... Todas as notícias de qualidade, todas as informações sérias e importantes veiculadas, todo o entretenimento fornecido aos leitores... E mais do que isso... Toda a união entre os jornalistas. O amor. A amizade. O sentimento de pertencimento, de parceria. Aquele blog representava em parte a amizade que Rodrigo V.i.P. tinha por Rodrigo Meester e Valériia. Abrir mão do blog não seria fácil para ele. Se bem que...
                - OK, Gatinha! – gritou Rodrigo – Solte minhas mãos, que eu faço login no blog para você!
                - Tudo bem, então – Gatinha soltou as mãos de Rodrigo V.i.P.
                Só então ele percebeu que, parado na porta, estava o Vermelhão Malvadão. Ele vigiava Rodrigo V.i.P. atentamente. O pobre rapaz engoliu seco e fez login no Mturn.
                - FINALMENTE!!! NÃO ACREDITO!!!!!!! – se vangloriou Gatinha Selvagem enquanto mexia no laptop – E... FECHAR CONTA! AAAAAAh! NÃO ACREDITO! FINALMENTE DEI FIM A ESTE BLOG DOS INFERNOS! VERMELHÃO, PRENDA ESSE OUTRO RODRIGO NA JAULA E VAMOS COMEMORAR!
                - Como assim??? – protestou Rodrigo V.i.P. – Você disse que só queria fechar o blog! Que iria nos libertar e nos devolver o Rodrigo Meester!
                - Eu disse que queria ver vocês SOFREREM!!! – respondeu a vilã – MUAHUAHUAHUA!!!
                - MUAHUAHOHOHOHOHOHO! – riu Vermelhão Malvadão.
                - NÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃO!!!!!!!! – gritou Mc R, com toda a força de seus pulmões. Suas glândulas adrenais soltaram impulsos de adrenalina que percorreram suas veias. Suas pupilas se dilataram, seu coração acelerou, seus músculos começaram a crescer... Mc R quebrou as barras da jaula, correu até Rodrigo V.i.P. e o libertou da cadeira à qual ele estava amarrado. De dentro da jaula, Valériia e Jerry observavam embasbacados. Logo Valériia correu para fora e puxou os cabelos de Gatinha Selvagem. Jerry começou a lutar com Vermelhão Malvadão.
                - MAS O QUE É ISSO?? – se espantou Gatinha Selvagem.
                Ao invés de responder, Rodrigo V.i.P. se limitou a dar um golpe na Gatinha Selvagem que a jogou ao chão. Vermelhão Malvadão já estava pulando para cima de Rodrigo V.i.P. quando Mc R bateu no mau-velhinho com seu punho e o jogou ao chão, desacordado. Gatinha Selvagem se levantou e tentou pular sobre Rodrigo V.i.P., mas seus instintos agiram rápido e contra-atacou, imobilizando Gatinha Selvagem sobre o chão.
                - Por que, Gatinha Selvagem?? – ele indagou – Por que???
                - Você não sabe mesmo? – ela respondeu – Nem imagina? Pense bem...
                Ao dizer isso, Gatinha Selvagem desmaiou. Raios de Sol começaram a entrar pela única janela da sala. Os feixes luminosos tocaram o rosto de Gatinha Selvagem, e aos poucos suas feições começaram a mudar. Sua pelagem começou a se desfazer, suas orelhinhas começaram a mudar de forma e a migrar mais para baixo na cabeça... Logo, nossos heróis puderam testemunhar a real aparência humana da vilã mutante...
                - RODRIGO MEESTER!!!! – exclamou Rodrigo V.i.P.
                - Amigo – disse Rodrigo Meester, baixinho – O que aconteceu?
                Rodrigo V.i.P. não sabia o que responder. Agora tudo fazia sentido. Rodrigo Meester e Gatinha Selvagem nunca haviam sido vistos ao mesmo tempo desde o sequestro. Gatinha Selvagem só era vista à noite. Rodrigo Meester era claramente um Gatinhasomem, que se transforma em noites de lua azul e volta ao normal com o raiar do Sol. De alguma forma, Gatinha Selvagem tomou conta da personalidade de Rodrigo Meester e arquitetou todo o teatro. Rodrigo V.i.P. sabia como ajudar Rodrigo Meester a controlar sua personalidade alternativa, mas essa história fica para depois...
                - O que aconteceu?? – repetiu Rodrigo Meester.
                - Trouxemos você de volta – respondeu Rodrigo V.i.P., enquanto uma lágrima escorria de seu rosto.



Por: Rodrigo V.i.P.

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