CAPÍTULO 1 – A TOCA
DA BICHANA
Escuridão.
Naquela trilha de chão batido não havia um único ponto de luz. Também não havia
ninguém. A única companhia para o solitário jornalista investigativo (amador) eram
os ratos e gatos selvagens que espreitavam sorrateiramente ao seu redor. Um
vulto passando por entre as árvores pareceu tomar a forma de um macaco, mas
sumiu tão de repente quanto apareceu.
Rodrigo
V.i.P. apertou o passo. O vento roçando em suas pernas lhe causava arrepios.
“Devia ter colocado uma calça ao invés da bermuda”, pensou. O relinchar distante
de um jumento ecoou pela copa das árvores e provocou em Rodrigo um calafrio.
Uma risada semelhante a um “Ho-Ho-Ho” o fez tremer os joelhos. Mas nada seria
capaz de o fazer parar. Estava determinado a descobrir a verdade. A seguir em
frente. Em nome de seus amigos, em nome de tudo o que representam. Em nome do
amor que nutrem um pelo outro, e em nome de um símbolo... O MTURN.
Dobrando
a esquina, boladona, estava uma gata, sentada, esperando Rodrigo V.i.P. passar.
Quando o olhar do jornalista cruzou com o da gata, o brilho verde dos olhos da
bichana arrepiou Rodrigo até a alma. “Não adianta se esquivar”, pensou Rodrigo.
A fera estava solta, e o bicho pronto para pegar. Ou pelo menos é o que a
música dizia. A gata, então, disse:
- MINHEEEEEEU!
E, com
um salto, se adentrou pelo capim alto de uma clareira. Rodrigo V.i.P. sabia o
que devia fazer. Rapidamente sacou sua câmera e ligou o flash. Pisando com
cuidado entre a vegetação do terreno, Rodrigo V.i.P. calculava cada passo. A
uma distância de cinco metros à sua frente, o matagal ultrapassava a altura do
próprio jovem rapaz. A fedentina de xixi de gato ficava mais insuportável a
cada passo. “Espero não pegar esporotricose ou toxoplasmose”, pensou.
Foi
quando ela reapareceu. O brilho verde do olhar, a pelagem pintada como a de um
guepardo. Era ela, a mesma gata. Um flash e uma foto, e Rodrigo pôde ver na
câmera suas cores: amarelo acinzentado e um padrão característico de pintas negras.
“Leopardus tigrinus”, pensou Rodrigo,
“um gato-do-mato”. Uma cicatriz cortava o rosto do felino entre os dois olhos. A
gata se embrenhou no mato e Rodrigo a seguiu, rapidamente chegando à entrada de
uma caverna. Um coelhinho de pelúcia jazia aos pés da entrada, todo rasgado e
arranhando. Fotos, fotos e mais fotos. Antes que Rodrigo pudesse verificar as
fotos na câmera, sentiu um baque na nuca. Desmaiou, caindo sobre uma poça de
xixi de gato.
CAPÍTULO 2 - JARDIM
DA MANSÃO DE MC R (24 HORAS ANTES)
Mc R: -
EU BEIJEI UM PUDIM E GOSTEI DISSO! O GOSTO DE SEU BRILHO DE LEITE CONDENSAADO!
Mc-errets: - AAAAA-ADO!
Mc R: - EU BEIJEI UM
PUDIM, APENAS PARA EXPERIMENTAR! ESPERO QUE MEU NAMORADO NÃO SE IMPORTE!
Mc-errets: AAAA-AH!
Da
borda da piscina, Rodrigo Meester gritou:
-
Aquele babaca do Phency Little!
Ao que Valériia retrucou:
- Bota “little” nisso...
- Para,
gente! – disse Rodrigo V.i.P., com a boca cheia após morder um pedaço de um
canapé não identificado com gosto de tomate e manjericão – Quero prestar
atenção nesse show! UHUUUUL!!!! GOSTOSAAAAAA!!!!!!! LINDAAAAAAAAA!!!
- E
agora, meus amigos, – disse a funkeira de sucesso internacional Mc R, de cima
do placo do jardim de sua mansão – gostaria de convidar aqui no palco a
verdadeira estrela dessa noite. O homenageado do dia. O homem, e que homem! O
homem que merece os seus aplausos hoje! O FUNDADOR DO MEU BLOG FAVORITO! O BLOG
MAIS LINDO, DIVO, SEXY, GATENHO, FASHION E ATUALIZADO DA INTERNET! O mais novo
administrador desse país!!! O lindo, gostoso, maravilhoso, Roooodrigooooo
Meesteeeeeeeer!!!!!!
O
coração de Rodrigo Meester se encheu de alegria. Todas as sensações de medo,
incerteza e insegurança sumiram. Ele estava feliz e confiante. O amor emanava
de cada um de seus amigos ali reunidos e tocava profundamente o seu coração.
Era daquilo mesmo que precisava.
- Oi,
hahahaha – Rodrigo riu de nervoso – Boa noite a todos!!! Muuuuito obrigado por
terem vindo aqui hoje prestigiar esse momento! Estou muito feliz com a presença
de cada um de vocês! Quero agradecer à minha família por todo o apoio durante
toda minha vida! Amo vocês! Quero agradecer a todos meus amigos pela companhia,
em especial meus colegas ex-jornalistas do Mturn e nossas fiéis ex-leitoras!!!
Gostaria também de...
BUM! O barulho grave de uma explosão
cortou o discurso de Rodrigo, e todas as luzes do jardim da mansão de Mc R se
apagaram. O breu cegou os olhos de todos os presentes.
- AI MEU DEUS DO CÉU O QUE QUE
TÁ ACONTECENO AQUI?? – berrou Mc R com toda a força de seus pulmões.
- SOCORROOOOO!!!! – ouviu-se a
voz de Rodrigo Meesteer gritando, embora nada pudesse ser visto naquele breu.
Rodrigo V.i.P. apertou os braços
de Valériia, com medo e assustado. Então, de repente, uma música começou a tocar,
abafando o som de um helicóptero. A música era horrível, e a dicção da cantora
era tão ruim que as palavras eram irreconhecíveis para a maioria... Mas não
para Mc R. Uma luz cor de rosa irradiava do helicóptero à medida que ele descia
em direção ao palco do jardim da mansão de Mc R. Quando o helicóptero chegou
perto do nível da água, uma porta se abriu e todos puderam ver uma mulher
fantasiada de gato com um megafone na mão. Ela parecia usar um collant de
oncinha, orelhinhas na cabeça, garras postiças e um rabinho. A “gatinha” levou
o megafone à boca e disse:
-
VOCÊS ACHARAM MESMO QUE EU NÃO IA REBOLAR A MINHA BUNDA HOJE?
-
É a Anitta???? – perguntou Rodrigo V.i.P. a Valéria.
- MC B! MINHA TERRÍVEL
RIVAL! SUA INVEJOSA, QUEM TE CHAMOU AQUI? – berrou a funkeira de renome
intenacional e multimilionária Mc R.
- VOCÊS ACHARAM MESMO QUE EU NÃO
IA VOLTAR?? SOU EU, A GATINHA SELVAGEM! A VINGANÇA É UM PRATO QUE SE COME FRIO,
E CREIO QUE JÁ TENHA ESFRIADO O SUFICIENTE PARA MIM!
- A GATINHA SELVAGEM!!!!! –
Rodrigo V.i.P. perdeu as estribeiras – AI EU NÃO ACREDITOOOOO!!! ME SEGURA,
VALÉRIA, QUE EU VOU PEGAR ESSA GAROTA!
- VOCÊ TÁ BRINCANDO??? –
respondeu Valériia – ME SEGURA VOCÊ, QUE EU QUE VOU PEGAR ESSA MISERÁVEL DA MC
B!!!!!
- NÃO É A MC B! – disse Rodrigo
V.i.P. – É A GATINHA SELVAGEM!!
- A MC B É A GATINHA
SELVAGEM????? – disse Valériia – AGORA TUDO FAZ SENTIDO!
- NINGUÉM IRÁ ME PEGAR HOJE! –
berrou Gatinha Selvagem, pelo megafone – DIGAM ADEUS AO SEU AMIGO RODRIGO
MEESTER!!!! HAHAHAHAHAHAHA! (risada maligna)
- Como assim??? Cadê o
Rodrigo??? – perguntou Rodrigo a Valéria.
- O RODRIGO MEESTER SUMIU!!!! –
gritou Mc R, do palco do jardim de sua mansão.
- ADEUS, OTÁRIOS!!!! – disse
Gatinha Selvagem, enquanto seu helicóptero ganhava altitude, subindo como se
fosse em direção à imensa lua cheia que iluminava o céu – MIAU!
- NÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃO!!!!!! – gritou
Rodrigo V.i.P. – Ela está sequestrando o Rodrigo!!!
CAPÍTULO 3 – A MANSÃO
DE MC R (NA MANHÃ SEGUINTE)
Sete
horas da manhã. Nada para fazer. Rodrigo V.i.P., Valériia e Mc R haviam passado
a noite em claro. Após voltarem da delegacia, passaram a noite ao lado do
telefone esperando uma ligação da Gatinha Selvagem. Mas o telefone não tocou. O
mordomo de Mc R chegou na sala de estar para avisar aos hóspedes que o café da
manhã estava servido.
- Não
tenho fome – respondeu Rodrigo V.i.P.
- O
caso é sério! – respondeu Mc R.
- Vamos
ligar o noticiário... – disse Valériia, indo em direção à televisão de 80
polegadas da sala de estar da mansão de Mc R.
- SUPERMARKET É, Ó: PREÇO!!!! – a
televisão começou então a emitir a vinheta do noticiário após a propaganda.
- Urgente: calamidade no
Rio de Janeiro! Um helicóptero sobrevoou o Centro
Penitenciário de Vilões Fracassados: Porque o Crime não Compensa! durante
esta madrugada e libertou meia dúzia de presos! Mais informações a seguir, no Good Morning Hell de Janeiro! E mais,
verifique a cobertura da chegada do jovem Wonphrey na cidade para a abertura de
seu novo hotel em Copacabana! Em seguida, astrônomos comentam o fenômeno raro
da noite de ontem: a lua azul!
- FOI
ELA!!! – gritou Rodrigo V.i.P. – Só pode ter sido ela! Gatinha Selvagem
resgatando seus comparsas, com certeza!
- Mas
quem???? Que tipo de vilão estava preso naquele lugar??? – indagou Mc R,
confusa.
- Os piores
tipos... – respondeu Valériia, em tom preocupado.
De
repente, o celular de Mc R começou a tocar.
QUANTO É TRÊS AO QUADRADO? A-ADO?
- Ai meu Deus, cadê meu
celular??? – disse Mc R, aflita.
ESTAVA ERRADO! A-ADO!
- Aqui!!!!!! – respondeu Rodrigo
V.i.P., entregando o celular a Mc R.
BUUUUURRA!
- ALÔ??????????????? – disse Mc
R, atendendo o telefonema.
- Preste muita atenção – disse uma voz digitalmente alterada, grave e
semelhante à de Darth Vader – Não irei
repetir duas vezes. Não chame a polícia. Se entrar em contato com a polícia, o
Meester morre. Ligo aqui diretamente do covil de Gatinha Selvagem. Valériia e
Rodrigo V.i.P. devem trazer para mim algo de muito precioso se quiserem seu
amiguinho de volta.
- NÃO ENTENDI, TEM QUE TRAZER O
QUE???? – disse Mc R, nervosa, tremendo.
- COLOCA NO VIVA-VOZ!!!! –
gritou Rodrigo V.i.P., afobado.
- PERAÍ QUE EU VOU COLOCAR NO
VIVA-VOZ!!!!!! – disse Mc R à voz estranha no celular.
- Para chegarem ao sul, devem ir ao norte. Para chegarem a leste, devem
ir a oeste. Para encontrarem a felicidade, devem ir até a tristeza. Para
chegarem ao calor, devem passar pelo frio.
- O QUE ESTÁ ACONTECENDO AQUI????
– disse Valériia, sem entender o telefonema.
- Para chegarem ao seu amigo... Devem ir até seus INIMIGOS!
TU TU TU TU TU TU... A ligação
foi encerrada. Rodrigo V.i.P., Valériia e Mc R olharam uns aos outros,
atônitos, sem saberem o que fazer.
- O que ela disse antes de você
colocar no viva-voz, Mc R???? – perguntou Rodrigo V.i.P.
- Que vocês devem ir até o covil
da Gatinha Selvagem entregar algo de preciso a ela como resgate!!!!
- Mas ela não disse o que ela
quer??? – retrucou Rodrigo V.i.P.
- Se ela não quis dizer, devemos
achá-la e lidar diretamente com ela! – disse Valériia – A “charada” é muito
simples! A Gatinha Selvagem obviamente libertou todos nossos inimigos da
penitenciária com seu helicóptero. Devemos encontrá-los para encontrar o
Rodrigo Meester! E, imagino, encontrá-la também.
- Mas como vamos encontrar os
vilões que ela libertou??? ELA NÃO DEU NENHUMA PISTA!!!!! – se desesperou
Rodrigo V.i.P.
- Então só há uma coisa a fazer –
disse Mc R – Devemos encontrar as pistas por
nós mesmos. Mas primeiro, vamos comer.
CAPÍTULO
4 – O CENTRO PENITENCIÁRIO DE VILÕES FRACASSADOS: PORQUE O CRIME NÃO COMPENSA!
CPVFPCNC.
Mais conhecido como Centro Penitenciário
de Vilões Fracassados: Porque o Crime não Compensa! Rodrigo V.i.P.,
Valériia e Mc R saltaram da limusine de Mc R em frente à entrada do CPVFPCNC,
localizado numa região reclusa da Barra da Tijuca. A luz fraca das nove da
manhã esquentava delicadamente o rosto dos nossos destemidos heróis. À frente
da entrada do CPVFPCNC, uma policial controlava a multidão de repórteres que se
debruçavam sobre uma cerca de contenção. A entrada estava interditada pela
polícia.
- Como
vamos entrar lá???? – perguntou Rodrigo V.i.P.
- Eu
sei exatamente como – respondeu Mc R – Prestem atenção! Assim que eu der o
sinal, vocês correm e entram! Ok?
- OK! –
responderam Rodrigo e Valériia, em uníssono.
-
EEEEI! – começou a berrar Mc R para a multidão de repórteres.
- Mc
R???? – gritou de volta um dos repórteres. Todos imediatamente se viraram em
direção à filantropa e funkeira carioca internacionalmente reconhecida.
- EU
ESTOU GRÁVIDA!!! – Mc R gritou de volta.
- O
QUE??? – um repórter respondeu.
- DE UM
PUDIM! – anunciou Mc R.
-
AAAAAAAAAAAAAAAH! – gritaram os repórteres, em uníssono.
Todos
os repórteres saíram de perto da policial que vigiava a entrada do CPVFPCNC e
correram em direção a Mc R, em frente à sua limusine.
-
Preparem-se e vão!!! – disse Mc R a Rodrigo V.i.P. e Valériia.
- Mas a
policial continua lá!!!! – disse Rodrigo V.i.P.
- Deixa
comigo! – respondeu Mc R – VEJAM SÓ MINHA BARRIGA CRESCENDO!!!!!!
Mc R
levantou a blusa e em seguida a retirou. Seu corpo desnudo banhado pelos raios
de sol amarelados ofereceu um verdadeiro espetáculo aos olhos dos ali
presentes... Inclusive aos da policial. Hipnotizada pela formosura monumental
de Mc R, deixou seu queixo cair. Desorientada, não percebeu enquanto Rodrigo
V.i.P. e Valériia pularam a cerca de contenção e entraram no CPVFPCNC.
- Não
acredito que deu certo – disse Rodrigo V.i.P. – Hahahaha!
-
Shiiii! – disse Valériia, cochichando – Tem um policial aqui!
A
entrada da penitenciária era um pequeno salão, com duas fileiras de cadeiras,
um balcão e uma porta fechada. Detrás do balcão, um policial sentado numa
cadeira roncava, com os pés sobre o balcão.
- Ai
meu Deus – Rodrigo V.i.P. – Não pensamos no que fazer depois de entrar...
-
Shiiii! – disse Valériia, irritada – Olhe em volta e pensa comigo!
Ao seu
redor, Rodrigo V.i.P. e Valériia não viam muita coisa. Um bebedouro, uma
televisão desligada... Um mural em uma das paredes exibia algumas informações
sobre visitas a presidiários. Sobre o balcão, havia uma pasta debaixo dos pés
cruzados do policial que dormia. Lia-se “TIGAÇÃO” na etiqueta que havia sobre a
pasta.
- Me
espere aqui! – disse Valériia – Não se mexa!!!
Valériia,
sorrateiramente, dirigiu-se até o balcão. Analisou o policial, seus pés, o
balcão, a pasta... Seus olhos percorreram o cenário e sua mente percorreu todas
as possibilidades de ação disponíveis. Que somaram um total de zero
possibilidades. Borboletas remexeram-se em sua barriga e um sentimento de angústia
e dúvida lhe provocou uma ânsia. Seu cérebro começou a fritar enquanto ela se
esforçava para resolver a situação... Precisava roubar a pasta... Precisava
agir... Mas não sabia como...
Absorta
em seus pensamentos, Valériia não percebeu o golpe chegando. Quando deu por si,
Rodrigo V.i.P. já estava esticando seus braços em direção aos pés do policial.
Agarrou-os com muita força e os levantou para cima, desequilibrando a cadeira do
policial e fazendo com que caísse para trás!
-
AAAAAAAAH! – gritou o policial, enquanto sua cadeira caía.
TUM,
fez sua cabeça batendo no chão. Uma mancha de sangue começou a crescer sobre o
chão.
-
AAAAAAAAH RODRIGOOOOO VOCÊ MATOU ELEEEEEE – disse Valériia.
- AI
MEU DEUS VÊ SE ELE TÁ COM PULSO!!!!!!!!!!!!!! – respondeu Rodrigo, pulando por
cima do balcão, desajeitado, e tropeçando por cima do corpo do policial.
Alcançando
seu braço, Rodrigo V.i.P. conseguiu sentir um pulso.
- Mas o
que é isso... – Rodrigo disse, levando sua mão até a poça de sangue.
- AI
RODRIGO O QUE HOUVE??? – perguntou Valériia, aflita. Seu coração pulsava a mil.
- É
ketchup! A cabeça caiu em cima de uma garrafa de ketchup!!! – respondeu
Rodrigo, aliviado.
- ENTÃO
VAMOS EMBORA!!! – disse Valériia, pegando a pasta e correndo em direção à porta
por onde entraram.
Rodrigo
V.i.P. pulou por sobre o balcão e correu atrás de Valériia. Do lado de fora, Mc
R estava autografando o sutiã da policial que estava de vigia.
Os
olhos de Valériia cruzaram com os de Mc R, e então Valériia mexeu seus lábios
como se dizendo “Corre!”. A funkeira
e os dois amigos correram em direção à limusine, enquanto a policial admirava
seu sutiã autografado e os repórteres começaram a correr atrás de nossos
heróis.
- EU
TAMBÉM SOU TRISSEXUAL!!! – ouviu-se a policial berrando ao longe, enquanto os
três heróis entravam na limunsine.
- PÉ NA
TÁBUA, JERRY! – gritou Mc R ao seu motorista.
- Para
onde, chefinha? – ele perguntou.
- Dê a
volta! Para os fundos da penitenciária! – respondeu Valériia, cortando Mc R.
Uma hora depois...
A
limusine estava estacionada ao lado do muro dos fundos da penitenciária.
Rodrigo V.i.P., Valériia e Mc R estavam lendo e relendo os arquivos dentro da
pasta de investigação há uma hora.
- OK,
então o que sabemos até agora? – disse Rodrigo V.i.P. – Vou anotar num
caderninho para ficar mais fácil.
-
Escaparam nesta madrugada da CPVFPCNC os seguintes delinquentes: - disse
Valériia – Macaco Infrator, Jeguento Jumento, Vermelhão Malvadão, Pinguim
Voador Imperador, Cremilda e Riurie. E o que todos têm em comum...
- São
nomes horrorosos – completou Mc R.
- São
todos inimigos mortais que nós expomos e combatemos durante a atividade do
Mturn – corrigiu Rodrigo V.i.P. – Estavam presos graças a nós, ex-jornalistas
do Mturn...
-
Entendi! – disse Mc R – A Gatinha Selvagem deve ser cúmplice deles. Mas o que
será que essa recalcada desqualificada quer???
- Não
sei, – disse Valériia – mas aqui diz que o helicóptero seguiu na direção
nordeste, às 04 da manhã, em direção ao Alto da Boa Vista.
- Já
sei!!! – disse Rodrigo V.i.P. – Vamos abrir o Google Maps e procurar o heliporto
mais próximo da região do Alto!
- Pode ser... – respondeu
Valériia, enquanto Mc R já abria o Google Maps – Mas é possível que o covil da
Gatinha Selvagem não tenha um heliporto, justamente para não chamar a atenção.
- Se
acalmem, meus nenéns – disse Mc R – Como sempre, eu estou aqui para resolver
seus problemas.
Mc R
abriu o Google Maps e o script de um programa chamado “ALL SAT”. Após digitar
uma série de comandos, pesquisou por “Alto da Boa Vista” no horário de 04 da manhã daquele dia. Rapidamente um vídeo
abriu. Mc R acelerou o vídeo e, por volta de 04:23, um helicóptero surgiu na
tela.
- NÃO
ACREDITO – disse Rodrigo V.i.P. – ME ENSINA!
- Não
posso, neném – respondeu Mc R – Esse programa acessa as filmagens dos satélites
da Google. Tenho acesso a esses dados apenas porque possuo 1% da companhia.
- VOCÊ
TEM 1% DA GOOGLE E NUNCA DISSE PRA GENTE? – protestou Valériia.
-
Vejam! O helicóptero está pousando aqui! – exclamou Rodrigo V.i.P., apontando
para o ponto na tela do computador onde o helicóptero pousou – Já sabemos onde
ir agora!!!!!
CAPÍTULO CINCO – O
ALTO DA BOA VISTA
Valériia,
Rodrigo V.i.P., Mc R e Jerry atravessavam a Floresta da Tijuca já havia quase
quatro horas. Eram três horas da tarde. Não havia como chegar ao ponto de pouso
do helicóptero de carro – eles tinham que atravessar a mata. Exaustos e mortos
de fome, os quatro heróis decidiram parar para descansar.
-
Rodrigo – disse Mc R enquanto sentava-se no chão, recostando no tronco de uma
árvore – Você que é biólogo, arranja umas frutas comestíveis pra gente aqui na
floresta...
- Mc R
– respondeu Valériia, rindo – Olha pra cima, hahahaha.
Ao
olhar para cima, Mc R percebeu que a árvore sobre a qual se recostava se tratava
de uma jaqueira. Nossos heróis estavam salvos.
Após de
banquetearem com as jacas, Mc R sentiu uma vibração estranha no ar. O vulto de
um macaco começou a se mover por entre os galhos... Foi quando Valériia
reconheceu o que seus olhos viam...
-
MACACO INFRATOR!!!! – ela exclamou, assustada – O TERROR DA MACACOLÂNDIA!
-
HAHAHAHAHAHA! – riu Macaco Infrator – Corram por suas vidas!
O
Macaco desceu da jaqueira e os quatro heróis levantaram-se correndo. Afobados,
escorregaram e deslizaram ribanceira abaixo...
- DE
ONDE SAIU ESSA RIBANCEIRA? – gritou Mc R.
Após
três minutos rolando sobre pedras e galhos cheios de espinhos, os heróis caíram
na cachoeira de um rio. TCHIBUM!
- Ai
meu Deus!!!! – gritou Rodrigo V.i.P. – Onde será que estamos??? Não podemos nos
perder!
-
Acalmem-se! – disse Mc R – Podemos acessar o Google Maps pelo meu tablet e...
Mc R
abriu a bolsa para pegar seu tablet, mas estava tudo arruinado... A água da
cachoeira havia molhado tudo.
- Vamos
ter que subir e relembrar a rota que traçamos – disse Rodrigo V.i.P.
- Mas
iremos diretamente para a direção do Macaco Infrator!!!! – ponderou Jerry.
- Não
faz diferença!!!! – disse uma voz grave por trás de algumas rochas.
- Eu
conheço essa voz... – disse Valériia.
-
MUAHUAHOHOHOHO!!!
- E eu
conheço essa risada... – disse Rodrigo V.i.P.
-
Vermelhão Malvadão!!!!!!! – gritaram Rodrigo e Valériia em uníssono.
- Eu
mesmo!!!!! – gritou o mau-velhinho, pulando detrás das rochas e caindo em cima
de Mc R e Jerry. Logo seus elfos lacaios apareceram, saindo de por trás de
arbustos, e capturaram Mc R e Jerry. Rodrigo V.i.P. e Valériia tentaram
libertá-los, mas outros elfos os empurraram para o meio do rio. A correnteza os
levou... Perderam o Vermelhão Malvadão, os elfos, Mc R e Jerry de vista.
A correnteza os levou para outra cachoeira...
- VAMOS
MORRER! – disse Rodrigo V.i.P.
-
SEGURE NAQUELE GALHO!!! – disse Valériia, apontando para um galho que se
retorcia sobre o rio, mais à frente de Rodrigo.
Rodrigo
V.i.P. conseguiu segurar o galho com uma mão e Valériia com a outra. Fazendo
muita força, Rodrigo conseguiu arrastar-se até a margem ao longo do galho,
puxando Valériia consigo.
Os dois
amigos jogaram-se sobre o chão, ofegantes. Não sabiam o que fazer. Rodrigo
V.i.P. fechou os olhos por um segundo... Quando abriu, Valériia havia sumido.
CAPÍTULO 6 – O COVIL
DA GATINHA SELVAGEM
Rodrigo
V.i.P. havia conseguido chegar até o covil de Gatinha Selvagem, após horas e
horas de caminhada pela floresta. Após horas e horas de angústia, de dúvida.
Após horas se perguntando sobre o paradeiro de seus amigos. Apesar do medo, da
solidão, da incerteza, do frio e de uma unha encravada, Rodrigo V.i.P. chegou
em seu destino. Assim como uma pancada chegou até a sua cabeça. Rodrigo apagou
e não sabia o que havia acontecido com ele em seguida... Até que...
-
AAAAAAH! – Rodrigo V.i.P. gritou de dor. Um choque percorreu seu corpo e o
tirou do seu estado desacordado.
Ao
abrir os olhos, Rodrigo V.i.P. percebeu que estava amarrado em uma cadeira
elétrica. Estava numa sala trancada, com apenas uma janela e com pouca
iluminação. À sua frente havia uma jaula com três pessoas dentro...
-
VALÉRIIA! MC R! JERRY! – ele gritou.
-
Rodrigo!!!! – respondeu Mc R – Você acordou!!!!
-
Graças a Deus encontrei vocês!!! – ele respondeu – Onde está o Rodrigo Meester?
- Ele
estava aqui de tarde quando fomos trazidas pelo Vermelhão Malvadão... – disse
Valériia – Mas de noite ele começou a gritar de dor e foi levado embora pelo
Macaco Infrator.
- E a
Gatinha Selvagem? – perguntou Rodrigo V.i.P. – Vocês a viram??
- Ainda
não!! – respondeu Valériia – EnNão sabemos para aonde o Meester levado!
- E
NUNCA SABERÃO! – respondeu uma voz vinda de trás de uma porta. Quando a porta
se abriu, Gatinha Selvagem se revelou – A menos que me entreguem o que eu
desejo...
O que
Rodrigo V.i.P., Valériia e Mc R viram os deixou pasmos. Chocados. Beges.
Espantados. Surpreendidos. O que parecia ser uma fantasia, na verdade, era o
verdadeiro corpo de Gatinha Selvagem... Uma verdadeira mulher-gato-selvagem...
O que parecia ser um collant era na verdade sua pele, coberta por uma pelagem
de gato. Suas orelhinhas de gato, suas garras, e até... seu rabo, eram todos
verdadeiros.
- Diga
logo o que você quer!!!! – disse Rodrigo V.i.P.
- Ora,
ora, ora... Se não é Rodrigo V.i.P., o ex-jornalista esquentadinho...
Ofendidinho... Incapaz de aceitar críticas de uma mera leitora... – disse
Gatinha Selvagem.
- Eu
mantenho o que eu disse na época!!! – ele respondeu – Você é uma idiota
invejosa, e jamais será tão boa quanto nós!!! Porque essa é a atitude de um
perdedor: sequestrar os inimigos ao invés de buscar uma jornada de melhoria
pessoal e atingir níveis maiores de qualidade!!!
- EU
NÃO QUERO ISSO!!! – respondeu a vilã – Eu apenas quero ver vocês SOFREREM!!!
- Acabe
logo com isso então!!!! – gritou Mc R – O que você vai fazer?? Hein??? Qual seu
plano, sua recalcada???
Gatinha
Selvagem caminhou lentamente até uma mesa ao lado da cadeira elétrica. Um laptop
estava sobre a mesa. Gatinha Selvagem abriu o laptop e abriu um blog... O
Mturn.
- O que
eu quero – ela disse, pausadamente – é o fim desse blog maldito. Me deem o
login e a senha desta joça. Depois que eu deletá-lo, vocês poderão enfim obter
sua liberdade e rever seu amiguinho Rodrigo Meester.
Um
turbilhão de emoções tomou conta do coração de Rodrigo V.i.P. Mil memórias
vieram à tona... O primeiro artigo que ele escreveu para o Mturn... O primeiro
artigo que escreveu em conjunto com Rodrigo Meester... As séries que criaram e
que nunca tiveram um fim... Todas as notícias de qualidade, todas as
informações sérias e importantes veiculadas, todo o entretenimento fornecido
aos leitores... E mais do que isso... Toda a união entre os jornalistas. O
amor. A amizade. O sentimento de pertencimento, de parceria. Aquele blog
representava em parte a amizade que Rodrigo V.i.P. tinha por Rodrigo Meester e
Valériia. Abrir mão do blog não seria fácil para ele. Se bem que...
- OK,
Gatinha! – gritou Rodrigo – Solte minhas mãos, que eu faço login no blog para
você!
- Tudo
bem, então – Gatinha soltou as mãos de Rodrigo V.i.P.
Só
então ele percebeu que, parado na porta, estava o Vermelhão Malvadão. Ele
vigiava Rodrigo V.i.P. atentamente. O pobre rapaz engoliu seco e fez login no
Mturn.
-
FINALMENTE!!! NÃO ACREDITO!!!!!!! – se vangloriou Gatinha Selvagem enquanto
mexia no laptop – E... FECHAR CONTA! AAAAAAh! NÃO ACREDITO! FINALMENTE DEI FIM
A ESTE BLOG DOS INFERNOS! VERMELHÃO, PRENDA ESSE OUTRO RODRIGO NA JAULA E VAMOS
COMEMORAR!
- Como
assim??? – protestou Rodrigo V.i.P. – Você disse que só queria fechar o blog!
Que iria nos libertar e nos devolver o Rodrigo Meester!
- Eu
disse que queria ver vocês SOFREREM!!! – respondeu a vilã – MUAHUAHUAHUA!!!
-
MUAHUAHOHOHOHOHOHO! – riu Vermelhão Malvadão.
-
NÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃO!!!!!!!! – gritou Mc R, com toda a força de seus pulmões. Suas
glândulas adrenais soltaram impulsos de adrenalina que percorreram suas veias.
Suas pupilas se dilataram, seu coração acelerou, seus músculos começaram a
crescer... Mc R quebrou as barras da jaula, correu até Rodrigo V.i.P. e o
libertou da cadeira à qual ele estava amarrado. De dentro da jaula, Valériia e
Jerry observavam embasbacados. Logo Valériia correu para fora e puxou os
cabelos de Gatinha Selvagem. Jerry começou a lutar com Vermelhão Malvadão.
- MAS O
QUE É ISSO?? – se espantou Gatinha Selvagem.
Ao
invés de responder, Rodrigo V.i.P. se limitou a dar um golpe na Gatinha
Selvagem que a jogou ao chão. Vermelhão Malvadão já estava pulando para cima de
Rodrigo V.i.P. quando Mc R bateu no mau-velhinho com seu punho e o jogou ao
chão, desacordado. Gatinha Selvagem se levantou e tentou pular sobre Rodrigo
V.i.P., mas seus instintos agiram rápido e contra-atacou, imobilizando Gatinha
Selvagem sobre o chão.
- Por
que, Gatinha Selvagem?? – ele indagou – Por que???
- Você
não sabe mesmo? – ela respondeu – Nem imagina? Pense bem...
Ao
dizer isso, Gatinha Selvagem desmaiou. Raios de Sol começaram a entrar pela
única janela da sala. Os feixes luminosos tocaram o rosto de Gatinha Selvagem,
e aos poucos suas feições começaram a mudar. Sua pelagem começou a se desfazer,
suas orelhinhas começaram a mudar de forma e a migrar mais para baixo na cabeça...
Logo, nossos heróis puderam testemunhar a real aparência humana da vilã
mutante...
-
RODRIGO MEESTER!!!! – exclamou Rodrigo V.i.P.
- Amigo
– disse Rodrigo Meester, baixinho – O que aconteceu?
Rodrigo
V.i.P. não sabia o que responder. Agora tudo fazia sentido. Rodrigo Meester e
Gatinha Selvagem nunca haviam sido vistos ao mesmo tempo desde o sequestro.
Gatinha Selvagem só era vista à noite. Rodrigo Meester era claramente um
Gatinhasomem, que se transforma em noites de lua azul e volta ao normal com o
raiar do Sol. De alguma forma, Gatinha Selvagem tomou conta da personalidade de
Rodrigo Meester e arquitetou todo o teatro. Rodrigo V.i.P. sabia como ajudar
Rodrigo Meester a controlar sua personalidade alternativa, mas essa história
fica para depois...
- O que
aconteceu?? – repetiu Rodrigo Meester.
-
Trouxemos você de volta – respondeu Rodrigo V.i.P., enquanto uma lágrima
escorria de seu rosto.
Por: Rodrigo V.i.P.